O Fabuloso Disco "Pelos Trópicos" de Andreia Dias

14 de fevereiro de 2013

 

Explicação louca

Texto escrito em novembro de 2012 sobre o disco “Pelos Trópicos”, lançado no início desse ano.

Para apreciar a leitura … em primeiro lugar … baixe o disco … segue o link:

http://scubidu.bandcamp.com/album/andreia-dias-pelos-tr-picos

 

Viajando, cantando e compondo – escrito em algum lugar do mês de novembro de 2012.

O melhor filme de 2012 é sem dúvida alguma “Pelos Trópicos”, da amiga, compositora, cantora e agitadora cultural Andreia Dias, ela sim conseguiu fazer uma adaptação primorosa do “Kerouac”, e  nem precisou falar inglês. Kerouac e os betniks do universo todo agradecem.

Ela simplesmente viajou como se tem que viajar … pé na estrada, canções ao vento. Brasil Ai Vamos Nós! E fez uma trip fantástica país afora.

Ela foi ,voltou e nos proporcionou uma obra prima.  A garota de sampa gravou o álbum dos próximos verões.

O fim do mundo está provisoriamente adiado para depois de 2013. Pelos Trópicos é o disco do próximo verão, da nova política, da galera que realmente está botando pra ferver … retransformafrikando tudo … colorindo de Rosa Shock a Praça Rose Velt  que afinal de contas fica bem pertinho da casa do Oswald de Andrade e poderia se chamar Praça Oswald. Antropofagiemos os sentidos. Abaixo a tarja da bandeira nacional, como sugere Andreia Dias. Vamos mudar, recomeçar de novo! Recombinar. Recomeçar Sempre. Sempre Recomeçar. São Paulo Midnight. São Paulo S/A.

O “Brasil Novo” já era cantado pela banda “baurets” Mercado de Peixe nos idos dos anos noventa. Galera que estudava em Bauru, dos quais conheço bastante o Bibi e o Fernando TRZ, parceiro de Cérebro Eletrônico e de empreitadas malucas dessa estrada descarrilhada.

 

Voltando ao disco da Andreia Dias.

Ela me enviou o disco pela internet, véspera de feriado, quase uma semana depois do nosso encontro bombástico na praça Rose Velt quando rolou o “Amor Sim Russomano Não” e no meio da nossa conversa incrível, entre uma birita e outra, eu estava com saudades de conversar com a Andreia, uma das artistas que mais admiro, desde o tempos da banda Dona Zica, que agora gravou um disco com doze galeras diferentes intitulado “Pelos Trópicos”. Dai no final do papo ela disse se eu não estava afim de escrever  sobre o disco … no meio da loucura e totalmente sã, aceitei de bom grado.

Baixei o disco, queimei um Cd-r e coloquei pra rolar na sala … começou … fui arrebatado já na primeira canção. CARACAS, pensei comigo .. ai veio a segunda música, a terceira .. o disco terminou. Fiquei totalmente maluco. Botei o disco pra rolar novamente e cai no abismo. A idéia inicial era passar a quinta feira tranqüilo, mas eu tinha que compartilhar aquele disco com os amigos.

Então eu armei uma primeira audição do disco da Andreia. Fui no mercado, comprei duas dúzias de cerveja e uma garrafa e Salineira. Peri Pane, Juliano Gauche, Silvana Ramalhete, Zé Pi foram os primeiros amigos que escutaram o disco.

Play no álbum, minha terceira audição, cada vez mais maravilhado com aquele disco … consciência alterada e felicidade no rosto de todos. Pelos Trópicos é um disco mágico, ancestralidade a flor da Pele, um disco leve e ao mesmo tempo super radical.

O Gustavo Galo chegou atrasado naquela noite e botamos o disco pra rolar novamente … Uau … já nessa audição … todo mundo dançando … a noite virou uma balada … o disco caiu como uma luva madrugada afora … Galinho ficou maluco … piramos e improvisamos uma discreta, mas barulhenta festa de rock n roll dançando o álbum duplo intitulado 25 de anos de Rock n Roll que traz na capa, em cima de um bolo com as cores da bandeira americana, nada mais nada menos que a Meneguel no início do carreira. Viva a incoerência.

No dia seguinte, acordei, fiz meu coffe Power, botei “Pelos Trópicos” no Iphone e o melhor de tudo: Tinha um show da Andreia Dias no Puxadinho da Praça. Uau, fui pra lá com o Peri Pane, ambos devidamente biritados e lá encontramos Zé Pi, nosso comparsa da noite anterior. Para nossa sorte, ela cantou quase todas as músicas do disco, um frenesi maluco total, eu voltei a ser um garotinho, cantando quase todas as letras, pulando, vibrando e fui feliz da vida discotecar na festa Dyonisicas e claro, botei pra rolar uma canção do disco novo Andreia pra rolar.

Agora vou falar sobre o filme, sobre o álbum, os manuscritos poéticos de uma viajante maravilhosa, sou fã e brother dessa garota incrível chamada Andreia Dias

 

 

 

Ressalva: Ainda não sabia direito que bandas e artistas tinham gravado cada faixa com a Andreia.

Viagem – Viagem

Vai e volta

Andreia partiu Brasil afora. Mas já na primeira música o titulo diz tudo “Vai e volta”… a música feita junto com os cabra do cabruera é dançante, estimulante, insinuante. Andreia é cantora fantástica, a canção me traz a seguinte imagem. O dia que o Mano Chao encontrou a cozinha dos Beatles ligados a esquerda festiva no Lira Paulistana.

 

Brisa Tropicana

 Uau!! Riff cigano fantástico, já começa tocando a alma … é o Brasil! Nosso Brasil! Já fico imaginando o Tutu Moraes tocando essa canção no Santo Forte. Essa canção me lembra muito a vibe do primeiro  disco do Zeca Baleiro, que foi o disco de muitos verões … essa canção foi gravada com a galera da banda Criolina em São Luis do Maranhão. E lá vem o Riff cigano de novo nos transportando pro passado ancestral, vôo pro primeiro disco do Ney Matogrosso … a essa altura não tem mais volta essa viagem é boa demais … segue o fluxo!

 

Beijin na Nuca

Carro na estrada .. estrelas cadentes … a lua minguante proporciona o baile estelar … me lembro do Cérebro Eletrônico indo pra Caruaru.  No meio da estrada paramos pra comprar cerveja num night club de beira de estrada e a galera estava dançando num frisson daqueles … a batida é instigante a letra é certeira .. : Me dá um Beijin na minha nuca … me arrepia … me põe maluca … me convida pra jantar … pede pra me namorar .. vai jogando seu xaveco … vai tentando me ganhar … seja um cara carismático … inteligente e enigmático … mas não seja sistemático … nem tente me controlar …”. Minha vontade é mostrar o disco pro Xico Sá, será que ele já escutou isso!? Meu roomate Meno Del Picchia pirou com essa faixa! Eu danço sozinho na sala .. com ou sem pessoas por perto … é isso baby … Bora Dançar com o som da guitarra incrível do mestre Felipe Cordeiro, maluco beleza dos bons que está morando em sampa atualmente, mas gravou essa faixa lá em Belém!

 Luva Pele

 Lirismo … Tun-ti …  depois de dias intensos é preciso acalmar os espíritos. Canção brilhantemente mixada, extremamente sensual, letra linda. Minha alma agradece e por algum tempo posso refletir, mergulhar pra dentro e contemplar a lua. As rabecas e as percussões novamente me levam pro lugar de onde eu vim  … agradeço ao mistério “Alguns dias dentro o que fomos fora” e um refrão cantando lindamente “Vem e me abusa, requebre e me abduza, parados habitados contemplando a lua”.

Bandoleiro

 Pé na estrada de novo … de charrete .. dessa vez na charrete que perdeu o condutor … Rauzito chega botando pra quebrar  e sobe na barca … Estava faltando o Rauzito nessa trip. Raul Seixas sim sinhô! Bandoleiro do rock, chapa da Andreia, chapa da malucada de BR. O disco da Andreia é bom demais, quero mostrar pra todo mundo, tem aquele frescor de disco que tem ser automaticamente disseminado de norte a sul do país. Raul ta na fita conduzindo a charrete para a cidade de Maceió …

 

Vida Bela

 Vamos mudar nossas cores

Transformar nossos sabores

Vamos viver simplesmente

A vida é bela e inconstante

Vamos fluir no dia a dia

Conscientes e em harmonia

Vamos curtir o momento

Com metafísica no pensamento

Vamos falar no agora que é da hora

Vamos cantar e mandar o mal embora

Vamos desfrutar cada segundo

Como se fosse o fim do mundo

Vamos integrar o ambiente

Mas com o agito e não é com a gente

Vamos desfrutar cada segundo

Como se fosse o fim do mundo

Canção cantada deliciosamente pela Andreia … lembra o álbum Fruto Proibido da Rita … Raul sumiu com a charrete e agora só uma maneira de prosseguir com a viagem … mas antes um alumbramento: Viva o Rock! Viva a Psicodélia! Viva Júpiter Maçã!

 

Corpo e Mente

Ronco de motores, será  um ônibus? Uma van? Um caminhão?  Pouco importa …

… assobios, palmas, percussões corporais … mais alumbramento

o que importa é o que o raio da inspiração faz a nossa cabeça, mora?

Vamos encarnar o amor  e vamos pro samba

Copos, cuícas, caixa de fósforo, cinema nacional, suor, cerveja, um baseadinho, porque não? Mais cuíca e corte no estilo Cronenberg para a próxima faixa … do caminhão para o avião  ….

 

Feliz e Mareado

Guitarrinha mareada super Robertão em ritmo de aventura. O papo aqui é na estrada … a anti fuga … o encontro. Parece-me agora que fomos parar em Belém … rapaz … essa viagem está alucinante … noite … balada … mais biritas … iê iê iê no melhor estilo Tarantinesco Calipsiniano Roberto Villar Chambinesco com direito a solo de guitarra sideral. “Com a cabeça pendurada no pescoço … vamos dançando que é só pele e osso …. com o juízo todo atrapalhado vamos balançando feliz e mareado”. Uhu!! Esse Brasil afora é Xuxu Beleza!

Xuxu Beleza

Pra onde Andréia foi agora? Será que ela gravou essa música com a turma do Rio? São os meninos do Do Amor tocando … depois eu ligo pra ela pra saber e insiro um adendo manuscrito pra saber onde fomos parar, ok!?

 

Adendo número I : Acertei, conversando com a Andreia depois do show Canibailes ela confirmou que os rapazes do Do Amor participaram dessa musica.

O que importa mesmo é que a Andreia Dias é uma baita compositora, o disco só tem clássicos, beleza, nem terminou disco, é um petardo atrás do outro … todo mundo atrás do trio frenético sem hora pra acabar …. pra onde vamos agora baby?

 

Aquilo

 Fim de noite … poucas pessoas no nightclub …  É Night Purpurina … todos que não eram para estar ali … estão lá … sem hora para acabar … Aquilo … tenho vontade de ligar prum compositor baiano que eu admiro mas não conheço pessoalmente … Luciano Salvador, tem um que de composição dele … Andréia destila uma balada visceral.  A banda é fabulosa … todos que não eram para estar … estão … a arca está tomada pelos ciganos, pelos piratas, pelos curvas, pelos malucos, pela beleza, pela vida, pela estrada, pela existência … apaixonado por musica que sou só posso celebrar esse disco … pela sua verdade e por sua coragem … é um disco FASCINANTE. Digo e repito e agora José!? Vamos voltar pro planeta terra? …

 

Terra do Nunca

Vamos pra terra do nunca

Borá lá fica tantan

Não precisa aeroporto

Só a capa e o macacão

 

Se eu aprendo a voar

Serei meu avião ..

 

Em busca de si mesmo

Sem dó, sem ré , sem medo

Num fabuloso la lai a!

Yes man! Mannnnn! Mannnn…a sala de controle foi tomada por um alienígena que ingeriu doses planctônicas de benflogin. Mas fique tranqüilo, não precisa aeroporto, passaporte, cercas, não precisa de nada disso, é só colocar a capa, o macacão e sai por ai sem rumo pelos trópicos. Sem medo baby, sem medo de errar, de ser errante, sem medo baby, porque aqui é Brasil! Aqui é a Idade da Terra profetizada maravilhosamente pelo Glauber, o maravilhoso errante que me ensinou a viver como uma bola de fliperama … sem rumo certo .. totalmente tantan … viva o filme brasileiro … e vamos pro gran finale.

Pelos Trópicos

Bateria estilo Simpathy of Devil … baixo que lembra aquela musica do White Stripes, saca? Mas não se engane que é canção brasileira  … bem mareada .. viajandona … todos que participaram do discos chegam pra festa de arromba … mas fique tranqüilo, a viagem não vai acabar … está só começando … todo mundo dançando … todo mundo procurando seu par … sua turma … o Brasil já tem o disco dos próximos verões … Viva a música sem nexo …. sem compasso … fora do eixo .. Pelos Trópicos … Pegadas lentas ritmadas … passos …. espaços … um depois do outro … correndo … correndo … Todo mundo está feliz aqui na terra! Massssss, olhos abertos .. política na veia … sem perder la ternura … mas brigando e conquistando coisas maravilhosas … momento incrível… Viva a Dona Zica … banda mágica e magistral que abriu caminho pra toda essa geração que está botando pra ferver hoje!

E para terminar o disco -filme em grande estilo, Andreia Dias saca sua cuíca como se fosse uma cartola mágica e abençoa os trópicos com Saravas, Evoés, Ié Iés, uhus, palmas, gritos! Viva Andréia Dias Pelos Trópicos!

 

 

Segue o Clipe

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=G1S8UDr1fPc#!

Participações no disco – Cidade – Cidade

Belém (PA)
Léo Chermont e Arthur Kunz (“Feliz e Mareado”)
Felipe Cordeiro (“Beijinho na Nuca”)
Recife (PE)
Zé Cafofinho (“Luva Pele”)
Salvador (BA)
Baiana Sound System (“Pelos Trópicos”)
Aracaju (SE)
The Baggios (“Aquilo”)

São Luís (MA)
Criolina (“Brisa Tropicana”)

Fortaleza (CE)
Vitoriano (“Bandoleiro”)

Rio de Janeiro (RJ)
Thalma de Freitas (“Sambinha”)
Do Amor (“Xuxu Beleza”)

João Pessoa (PA)
Cabruêra (“Vai e Volta”)
Natal (RN)
Talma & Gadelha (“Terra do Nunca”)
Maceió (AL)
Banda Eek (“Vida Bela”)

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